meus contos meus assombros

quando o inferno estiver cheio os mortos andaram pela terra

Textos


a contagem
"....Somos nos ou sao eles os senhores do mundo?...e como sao todas as coisas feitas para o homem?"  (Keplen Anatomia da Melancolia


     Muitas vezes nos perguntamos qual o propósito da vida? Nascer, viver e um dia morrer? O personagem de nossa história queria um proposito na vida, um dia ele teve um proposito mais agora ele se perguntava se realmente era isso que ele queria.
      Meu nome e Jarbas, aqui estou diante da tela de um velho computador do início dos anos 80, esperando, a luz piscar na tela, olho o monitor vejo a contagem regressiva os números surgem quando zerar a contagem, aperto a combinação de números sempre os mesmos 790908 ou o mundo vai acabar esse e meu trabalho evitar que o mundo acabe, a cada 5 horas eu tenho que digitar os malditos números ou pagar pra ver. Faz cinco anos que estou aqui nessa ilha nesse trabalho monótono e insano salvar o mundo a cada 5 horas. Me pergunto será que terei que passar o resto da via fazendo isso?

     Tudo começou a alguns anos. Estava em um bar, tomando uma cerveja, pensando na vida, como sempre fazia nos finais de semana, naquela noite estava sozinho, me sentia estranhamente inquieto, e particularmente triste pensava na minha vida, na minha falecida esposa que havia morrido a um ano após uma longa luta contra o câncer, sentia falta dela, eu a amava tanto, era tão irônico foi tão difícil pra nos ficarmos juntos, (os pais dela eram contra a nossa união)  enfim quando nos casamos nossa felicidade só durou seis meses, ela adoeceu e morreu eu fiquei tão desalentado, tão revoltado após tudo que passamos vem aquela doença horrível tirar ela de mim, de repente tudo perdeu o sentido, minha vida de velejador, a herança de meu pai, meus amigos e admiradores , que adiantava estava sozinho sem Elsa.
     Um mês após a morte de Elsa, abandonei as competições de vela, não via mais sentido em competir ganhar prêmios ser aplaudido ser paparicado, tudo vão sem Elsa a vida perdeu o sentido. Peguei todos os meus troféus e medalhas e vendi, me aposentei das competições não queria mais nada com aquilo deixei minha cidade meu país, vim para essa cidade para essa nação  onde ninguém me conhece, seria um anônimo. Não importava mais, vivia de bar em bar, bebendo, gastando todo meu dinheiro. Ia levando a vida sem objetivo sem rumo, fiz alguns amigos nos bares da cidade passei a ser conhecido como o “gringo louco” pois pagava rodadas e mais rodadas de bebida para meus companheiros de copo.
    Sonhava com minha Elsa e isso me consolava um pouco, mais ao acordar me via ali só e triste, eu tive namoradas na cidade confesso mais era só passa tempo , jamais amei ninguém de verdade meu único amor foi Elsa, foi então que nessa noite monótona, que ele surgiu. Um sujeito vestido de paletó escuro, usava óculos preto, estranho era noite, parecia ter uns 60 anos, alto e magro, veio até minha mesa e me disse – boa noite gostaria de falar com o senhor – eu olhei pra ele com indiferença respondi maquinalmente – sim o que deseja – o estranho sentou tinham um jeito formal solene percebe que era branco como eu e falava um inglês britânico muito polido, o rosto era severo e marcado pelo tempo, trazia uma bengala e luvas brancas nas mãos, tirou os óculos e me fitou com olhos azuis e disse – finalmente o encontramos senhor Jarbas, a muito que o procuravamos – fiquei pasmo como ele sabia quem eu era? – ei como sabe meu nome? – indaguei ele respondeu - isso não importa mais temos procurado alguém como o senhor a muito tempo – me procurado para que? Há já sei quer que eu volte a competir o senhor e um empresário descobriu que eu estou aqui, escuta cara eu não vou mais velejar está ouvindo eu não quero perdi o interesse, cai fora tá legal – ele me fitou com um jeito meio irônico e disse - de certa forma eu esperava essa reação, não sou empresário, eu represento uma organização, uma sociedade melhor dizendo, - sociedade de que? – tudo a seu tempo senhor Jarbas – ei que história e essa quem e o senhor afinal – já disso represento uma sociedade secreta – há um tipo de seita? Cai fora não estou a fim – não somos uma seita senhor Jarbas, precisamos de alguém como voocê  – precisa de mim para que? – algo muito importante senhor Jarbas – ei para de tanto mistério eu estou afim de beber vai embora cara – o senhor não faz ideia do que está perdendo – perdendo? Eu já perdi tudo meu chapa – não senhor Jarbas apenas está confuso não entende a vida, o senhor perdeu sua mulher está se sentindo sem rumo sem proposito, eu posso dar uma razão para viver, um novo recomeço – o que você está dizendo? como pode me falar de recomeço eu perdi o amor da minha vida nada mais importa – e se eu disser que você não perdeu sua mulher – você tá maluco velho, cai fora – o sujeito estranho sorriu abriu uma valise que tinha em sua mão esquerda e mostrou uma foto de minha mulher isso me deixou furioso – ei espera ai, tu está brincando com meu sofrimento seu desgraçado como ousa me mostrar fotos de uma mulher parecida com a minha - não e parecida ela e sua mulher agora veja essa outra foto – para meu espanto o tal sujeito colocou sobre a mesa uma foto minha velejando com Elsa ao meu lado sorrindo feliz e o mais intrigante a foto estava datada de uma semana atrás mais isso era impossível Elza está morta a um ano não podia ser real devia ser uma montagem – ei para com isso seu desgraçado você está me confundindo – eu gritei irado com aquele sádico que brincava com meu sofrimento - escute seu Jarbas está a seu alcance tornar essa foto realidade basta que aceite o meu convite, você está à procura de um proposito,  eu posso te dar um finalidade  reencontrar tua mulher – não você tá maluco ela morreu cara tá morta e enterrada – senhor Jarbas e tudo uma ilusão aceite minha ajuda, venha amanhã nesse endereço – o estranho me passou um papel com o endereço que  ficava num hotel não muito longe de onde eu estava ele me olhou mais uma vez e disse – mais saiba que é sua única chance se o senhor não aparecer irei embora e nunca mais me vera está nas suas mãos o seu destino – o sujeito se levantou e se foi, assim que ele saiu pela porta me levantei fui até a calçada externa do bar e não vi mais ninguém ele tinham sumido, aturdido com o bizarro encontro foi até o balcão do bar e indaguei –  Manuel tu visse aquele sujeito? – que sujeito senhor Jarbas não vi ninguém – como assim? Havia um cara estranho conversando comigo na mesa tu não o avistasse ? – não vi ninguém o senhor permaneceu todo o tempo sentado, apenas notei que o senhor parecia conversar com alguém mais imaginei que fosse efeito do álcool – é deve ter sido isso - voltei para meu lugar lembrei do papel onde estava lá o endereço, era real mais e aquela estranha conversa com alguém que aparentemente não estava ali, me deixou confuso, mais pensei – quer saber eu vou nesse lugar não tenho nada para perder mesmo, se não houver nada foi algum tipo de ilusão, sei lá, bem não custa nada tentar - .


     Em casa ponderei que aquele sujeito talvez fosse um tipo de mágico talvez tenha me hipnotizado a mim e o Manuel, vai ver foi isso uma brincadeira de mágico - mais as palavras dele me perseguiam, palavras estranhas reencontrar minha esposa morta? Um proposito? Seria um vidente? um místico tentando me converter a algum culto esotérico? de todo modo eu iria até o tal hotel.
     Quando cheguei ao quarto do hotel, apertei a campainha ouvi passos a porta abriu era o homem estranho não era ilusão ele era real – bom dia senhor Jarbas me alegro em revelo – eu quero saber sobre aquela proposta,- muito bem pode entrar – no quarto havia apenas uma cama uma mesa e duas cadeiras, sobre a mesa um notebook, eu me sentei então o homem estranho abriu o notebook, digitou algo levantou os olhos e me fitou com aqueles olhos azuis intimidadores então disse – senhor Jarbas conforme eu falei ontem à noite, eu represento pessoas preocupados com o destino do mundo - uma sociedade secreta? – eu disse interrompendo sua narrativa – se o senhor quiser chamar assim, bem o fato que eu faço parte disso, dentro de nossa organização cada um tem sua função, a minha e procurar pessoas adequadas para executar uma determinada tarefa, em minha busca eu encontrei o senhor, pesquisei, sua vida e descobriu no senhor as qualidades, necessárias para executar essa missão - Como assim? Missão? Afinal quem são vocês? – tudo a seu tempo , mais como o senhor veio a mim posso adiantar algo, em nosso meio revelamos partes de nossos propósitos, à medida que ganhamos confiança do novo membro de nossa organização – escute amigo eu  não participoo de qualquer coisa sem saber onde estou me metendo, afinal porque escolheram a mim? – eu já disse o senhor tem qualidades que o capacitam a cumprir esse trabalho importante para nós e para o mundo, mais esteja a vontade se não desejar pode ir embora e continuar nessa, vida à toa sem objetivo – escute, o que eu ganho participando dessa sua organização? – eu já disse o senhor pode recomeçar sua vida ao lado de sua mulher – como assim? Ela tá morta – garanto que não vai se arrepender, o senhor não tem nada pra perder, sua vida está arruinada, largou seu esporte está gastando todo o seu dinheiro com bobagens, logo estará na miséria, e talvez acabe numa sarjeta bêbado morra e seja enterrado como indigente – de fato minha vida está sem sentido, mais não sei se vale a pena embarcar numa fantasia de malucos – bem se o senhor acha isso então pode ir embora – por um instante refleti, -  que saber vou entrar nessa jogada quem sabe talvez seja verdade eu não tenho nada a perder mesmo - muito bem senhor eu aceito sua proposta – disse sem muita convicção o homem me olhou com aquele olhar frio e distante e respondeu – excelente decisão não irá se arrepender – após isso ele digitou algo no notebook, era uma mensagem para alguém  e dizia – ele aceito, continuo com o processo? – resposta – sim - ai ele me olhou e disse – senhor Jarbas, nos temo um protocolo para os novos membros só precisa ler na tela e responder sim ou não ao fim eu passo para aproxima etapa uma visão geral sobre a missão a ser comprida, - rapidamente respondi ao protocolo, eram indagações simples que deixavam claro que eu era voluntario naquele tipo de trabalho, e que minha vida a partir daquele dia teria um proposito cumprir a missão que fosse designada, como recompensa eu teria uma nova vida mesmo que isso fosse algo vago que eu ainda não entendia bem o que era mais o espantoso foi a promessa de reencontra minha amada Elsa, por mais que isso fosse insano, mais a saudade que me corroía me fez acreditar no mais fundo da minha alma que se houvesse um jeito disso ser real eu iria lutar por isso embora minha razão me dissesse que era impossível e que aquilo era uma fantasia irrealizável mais eu iria pagar pra ver .

     O senhor estranho que aliás se chamava Alfred, me mostrou no notebook um mapa, onde se via uma pequena ilha, um minúsculo pedaço de terra perdido na imensidão azul do oceano atlântico, a 100 quilômetros da costa da Nicarágua , o pais onde eu estava, comecei a entender minha utilidade eu era um navegador experiente não seria difícil chegar lá, mais havia algo fora do normal como navegador eu já tinha viajado seja por esporte ou lazer por quase todos os mares do mundo e não existia aquela ilha naquele lugar, eu indaguei – senhor Alfred, essa ilha não consta nos mapas de navegação que eu conheço – senhor Jarbas, essa ilha não existe para o resto do mundo, mais ela existe – como assim? – ela está camuflada, para que pessoas erradas não a encontrem – e quem fez isso - nós - e quem são vocês? Afinal agora eu faço parte disso mereço saber – nós somos aqueles que zelam pela segurança do mundo - como assim? Quem faz isso não e a ONU? ou as grandes potencias – não passam de peões arrogantes que acham que tem o controle mais como estão enganados, o senhor agora faz parte mais é apenas uma pequena parte de um todo maior, o segredo e a base de nossa sociedade, à medida que o senhor for ganhando mais a nossa confiança mais será revelado, mais por hora se contente com oque é revelado – tudo bem, cara, eu já entende as regras desse jogo maluco, mais o que vocês temem se são tão poderosos? Quem são as pessoas erradas? porque tanto mistério? – muitas perguntas que serão respondidas a seu tempo não posso revelar mais nada a não ser o essencial para a missão – tudo bem mais me diga qual e minha missão - o senhor deve navegar até essa ilha chegando vai encontra um bunker, localizado na base de uma monte o único em toda a ilha, ali recebera novas instruções - o mundo está cheio de navegadores como eu , mais porque eu fui escolhido? – o senhor foi escolhido porque tem qualidades que os outros não tem – tudo bem você fala sempre assim de forma enigmática, deve fazer parte de seu código de conduta – sua perspicácia confirma minha escolha, o senhor faz parte de nossa sociedade - mais como se chama "nossa sociedade", ela tem um nome ? – sim nossa sociedade se chama “ a comunhão” – nossa que nome mais religioso – não somos uma religião , somo uma sociedade que luta pelo equilíbrio do mundo - mais enigmas , rapaz você e uma fábrica de enigmas, tudo bem eu estou nessa quando vou partir? – amanhã queira me encontrar no cais do porto dessa cidade, você partira imediatamente, não podemos perder mais tempo será dado a você todos os recursos necessários, para a viagem, mapas um GPS. Um laptop e todo o mais necessário.
     No cais conforme o combinado lá estava o Alfred (se esse for o nome dele mesmo) vestido da mesma forma , mesmo naquele sol tropical o cara estava sempre vestido daquele jeito todo de preto, bem seja como for ali estava eu para começar a tal jornada, eu me sentia estranhamente animado acho que o surgimento de um objetivo muito embora fosse algo tão estranho me fez voltar a ter um foco, uma meta aquilo me fez bem, para quem estava à deriva na vida. Foi algo reanimador por mais insólita que fosse a situação, mais o que me movia realmente era a esperança por mais absurda que fosse, de reencontra minha mulher, de alguma forma ao chegar qual não foi minha surpresa o barco a vela que me esperava era o mesmo que eu havia imaginado anos atrás antes da morte de Elza, acontece que nos planejamos fazer uma volta a o mundo para comemorar nosso casamento, ninguém sabia disso nem nossas famílias nem tão pouco a imprensa , era um segredo que só nós sabíamos, era fundamental ninguém saber, era uma viagem de lazer, era um projeto nosso, a proposito disso eu vi um barco muito bonito , grande e bem equipado sendo oferecido na Internet , me interessei até planejei um nome pra ele iria se chamar “ el grande” achei o nome bonito e sonoro, de fato era um barco grande de cor branca um iate a vela mais com um motor auxiliar, resolvi pintar o nome de cor vermelha, apenas eu e Elza sabíamos disso , pois o bendito barco estava ali, fiquei pasmo como eles podiam saber disso? O nome “el grande” pintado de vermelho em letras garrafais , olhei para o Alfred e indaguei - como vocês sabiam disso? – ele me olhou com sua frieza habitual e apenas sorriu levemente, tirou uma foto do bolso e me mostrou, era uma foto minha com Elza, linda sorrindo estávamos no barco com o nome “ el grande ” o enigmático sujeito falou - só depende de você tornar essa foto real – isso e uma montagem? – ele me olhou sério e disse - não - está brincando o que é isso Alfred? quem é você Alfred? Você é o diabo? - ele apenas balançou a cabeça negando e falou – está na hora senhor Jarbas queria entrar em seu barco – ele é meu? Assim de graça? – ele e seu Jarbas um presente nosso – eu nada disse entrei no barco era perfeito tinha tudo o necessário seria fácil para mim um navegador experiente chegar a ilha. Só notei um dispositivo estranho no centro do barco uma caixa metálica com antenas indaguei a meu orientador – o que diabo e isso Alfred? – um dispositivo de camuflagem capaz de tornar seu barco invisível - invisível ao radar? – sim mais também a qualquer instrumento ótico – mais isso é impossível invisibilidade real como vocês desviam a luz?- usamos um campo magnético que cria uma distorção no espaço tempo que desvia os raios de luz , de modo que nada pode enxergar o barco, porque a luz refletida e desviada pela distorção dos fótons – espere eu conheço essa teoria eu estudei, só uma mudança drástica na intensidade da gravidade poderia gerar tal distorção óptica mais para isso seria necessário uma imensa quantidade de energia e isso e impossível, seria necessário toda a energia do sol produzida durante um ano, para gerar tal efeito e mesmo assim o efeito seria mínimo e só duraria milésimos de segundos, possível mais impraticável e perigoso tal quantidade de energia concentrado num espaço limitado romperia a própria estrutura do espaço tempo criando um buraco de minhoca incontrolável que em tese poderia ser tonar um buraco negro e absolver toa a matéria ao seu redor e convertendo em energia pura , em fim destruindo o mundo inteiro, a  não ser que vocês tenham o controle sobre uma energia exótica radicalmente diferente de tudo que conhecemos na física , que permita uma distorção do espaço tempo de forma controlada - por isso o escolhemos para essa missão o senhor tem o conhecimento e a capacidade para realizar o que precisamos , não tenho tempo de explicar o processo que gera esse efeito só posso dizer que temos o controle de tal tecnologia , e confie em mim sabemos o que estamos fazendo não queremos destruir o mundo mais salva-lo – salvar o mundo de que? – de algo pior que a própria morte – mais enigmas porque não me diz logo o que ameaça o mundo, contra o que vocês lutam – senhor Jarbas já ouviu falar em dualismo – claro uma doutrina filosófica com um viés religioso de origem oriental – esqueça o viés religioso e pense no princípio filosófico - hum acho que entendo, o eterno conflito entre o bem o mau, a luz e as trevas, a ordem e o caos , vocês seriam a ordem o seu inimigo representa o caos, mais que ordem vocês são? se o tipo de ordem que existe no mundo então vocês não estão cumprindo muito bem esse papel, um mundo com tanto sofrimento e morte como o nosso você chama isso de ordem? - senhor Jarbas concentre-se no seu trabalho essas questões filosóficas serão esclarecias com o tempo – que adianta esse bla, bla filosófico vamos a ação - entrei no barco ele me orientou quanto a máquina disse que ela seria minha proteção se o inimigo surgisse para tentar impedir minha missão importante, bastava eu ficar atento a o radar equipamento que eu dominava muito bem, ai era só eu acionar um botão vermelho que ficava num painel na cabine do barco a máquina faria o resto o emissor de campo tornaria meu barco invisível ao inimigo. Mais como minha vida e minha missão dependia daquela maldita máquina , eu tinham que perguntar – e se nossos inimigos encontraram um jeito de anular o efeito da máquina? – bem não posso garantir, mais acho pouco provável, o senhor não e o primeiro, a muitos anos que usamos esse equipamento e nunca falhou – como tem tanta certeza? – hora senhor Jarbas se eles tivessem êxito o mundo não existiria mais a muito tempo – quer dizer que não sou primeiro a fazer tal viagem – exato muitos outros já o fizeram ao fim da missão retornaram as suas vidas – hum entendo e quanto tempo dura essa missão? – o tempo é relativo senhor Jarbas, vai demorar o tempo que for necessário –  está tudo bem, tempo não me falta eu tenho todo o tempo do mundo – excelente agora pode partir - Zarpei por volta das oito horas da manhã levaria com vento bom umas 10 horas de viagem, mais isso não me incomodava eu estava até sentindo saudade do cheiro do mar, da brisa da emoção de singrar os mares, foi muito bom, as vezes eu lembrava de Elsa de como ela gostava de navegar ao me lado, será que seria possível uma segunda chance ao lado dela , aquele barco era excelente sua navegabilidade era admirável eu nem precisava do motor auxiliar, só a noite eu chegaria na ilha , mais com os recursos moderno radar, GPS, bússolas eletrônicas seria fácil.
     Por volta, das 17 horas eu avistei no horizonte um barco, logo pensei - seriam os inimigos? os tais agentes do caos - peguei a luneta e observei, era uma lancha, branca não havia ninguém a bordo era um barco autômato, mais vinha em minha direção na certa estava armado, talvez fosse um barco bomba, enfim eu não poderia arriscar, e apertei o botão assim que fiz isso o barco começou a brilhar , até meu corpo brilhava, foi rápido logo o tal barco havia sumido, na certa eu estava invisível, para ele , olhei o radar nenhum sinal, estava salvo, continue avançando , eu via a ilha se aproximando no radar mais eu não a via, liguei a câmera infra vermelha mais nada vi, na certa era a camuflagem , a ilha inteira estava fora de vista, que tecnologia incrível foi ai  que recebi um sinal de rádio como foi combinado, dei a resposta código, já era noite, quando vislumbrei um luminescência fantasmagórica e um vulto enorme era a ilha liguei as luzes da embarcação e segui a até ela.
     Era pequena e rochosa, com grandes paredões escarpados muito íngremes. Era dominada por uma montanha que ocupava todo o centro da ilha uma vegetação arbustiva ornava as rochas nuas, o estranho era o frio, mesmo estando nos trópicos um gelado vento soprava impiedosamente. Era de difícil  acesso cercada de arrecifes perigosos, havia apenas uma pequena praia de areias brancas como neve com uma enseada profunda adequada para atracar até grandes barcos. Ali o velejador avistou um pequeno cais iluminado por um poste com uma rampa de madeira que se ligava a uma pequena cabana. No cais havia um homem a espera, vestia roupas estanhas antiquadas, como um antigo marinheiro do século XIX, Jarbas saudou o homem que acenou de volta ele ancorou o barco o homem ajudou a amarrar a embarcação nos mastro de atracação , assim que pulou para fora do barco ele cumprimentou o homem que era americano como ele, - saudações amigo, - olá como vai me chamo Scolt – meu nome e Jarbas – não sabe como e bom te ver, finalmente terminou meu trabalho aqui e poderei volta pra minha vida - eles prometeram te dar uma nova chance? – indaga Jarbas – sim foi isso que me disseram bem como eu estava na pior mesmo resolvi aceitar – você se arrepende? - olha foi duro no início, o trabalho e muito enfadonho apertar aqueles botões esquisitos, olhar aquela caixa de metal com aquelas luzinhas numéricas mais com o tempo me acostumei, e aquelas outras maquinas curiosas , hoje elas até me divertem, havia manuais em inglês que explicavam não sei ler muito bem mais deu pra entender o funcionamento me ajudou a passar o tempo, me mandaram uma mensagem por  uma daquelas maquinas falantes, que você viria me substituir, bem espero agora a recompensa ter minha própria escuna e navegar pelos mares e você o que espera conseguir? - rever minha mulher – bem eu nunca tive esposa minha vida foi sempre no mar, até o dia do naufrágio , quando me vi perdido numa praia deserta estava ferido e cansado , eles me encontraram curaram minhas feridas, me falaram coisas estranhas me ofereceram esse trabalho eu aceitei me disseram que era importante, que a vida de milhões agora dependiam de mim me senti importante eu o velho Scolt, filho de um sapateiro e uma costureira que todos chamavam de bêbado imprestável, bem o chato e que ninguém vai acreditar quando eu contar, as vezes até eu penso que tudo isso e um sonho, mais tudo bem se for um sonho mais o fato e que você veio me substituir , talvez seja real mesmo -.
     Scolt era um jovem marinheiro americano cujo os pais eram imigrantes irlandeses, era alto e magro tinha uma barba ruiva espessa que cobria parte de seu rosto, estava sempre com um cachimbo mal cheiroso na boca um boné de marinheiro típico, seus dentes amarelados pelo tabaco se abriam em um sorriso largo era bonachão,e rude como qualquer marinheiro, estava rindo e sempre cantando velhas canções do mar e contando causos, seu barco naufragou na costa  da nova Inglaterra, a comunhão o achou e o recrutou não se sabe porque eles escolheram afinal era apenas um simplório marinheiro semi analfabeto desprezado pela família.
     Jarbas Indaga - Scolt a quanto tempo você está aqui? – bem acredito que uns sete anos – só isso? – sei lá acho que sim – Jarbas ficou perplexo estava na cara que aquele marinheiro era do século XIX, portanto já devia estar na ilha a mais de 100 anos , no entanto ele parecia só ter uns 28 anos, talvez o tempo ali fosse diferente, aquela ilha não estava apenas camuflada ela estava em outra dimensão, talvez num outro universo, onde as leis da física não se aplicavam, que loucura, então que mundo ele estava salvando? o seu ou outro qualquer? - Suas suspeitas se confirmaram quando ele perguntou – Scolt em que ano você chegou aqui ? - há foi em 1890 eu acho – hum entendo – Jarbas preferiu não contar a ele que estava na ilha a mais de 120 anos seria demais para alguém tão inculto - após uma conversa inicial eles deixaram a plataforma de madeira e caminharam até o bucker que ficava no sopé da montanha bem perto de onde eles estavam , o marinheiro inseriu um cartão magnético como foi ensinado a fazer e a grande porta de metal se abriu , uma pesada porta que pesava umas 50 toneladas capaz de resistir até um ataque nuclear – me mandaram explicar a você a natureza de nosso trabalho, - Jarbas ficou surpreso com a desenvoltura de Scolt um homem do século XIX lidando com alta tecnologia com uma singela habilidade. Atravessaram um grande túnel, de paredes de concreto, tinha uma forma de arco, logo chegaram em outra sala dessa vez a porta estava aberta, ali era uma pequena residência havia um quarto uma sala um banheiro uma cozinha , tenham, ar condicionado era pequeno mais confortável dava para um homem sozinho viver com relativo conforto, havia sofás e almofadas espalhadas pelos cantos.
     Uma dispensa cheia de mantimentos, um guarda roupa , uma lavadeira onde o habitante poderia lavar e passar suas vestes, para o lazer uma pequena biblioteca, com dezenas de volumes , um antigo aparelho de vídeo k 7, com uma centena de filmes uma tv a cores modelo dos anos 70, uma câmara fotográfica, uma filmadora super oito com rolos de filmes virgens , um toca disco com uma coleção completa de LPs a maioria de Disco music , Abba , Begees, Tina Charles, Elton John, Tom Jones , Elvis, e até Franck Sinatra, as paredes cobertas com pôsteres de artistas dos anos 70 e 80 Jarbas imaginou que o morador que antecedeu Scolt era alguém dos anos 70 que trouxe toda aquela tralha para aquele lugar , ele percebeu que aquele lugar estava além das leis da física normais, o tempo era relativo, no sentido literal da palavra. Aquele pobre homem deve ter ficado atordoado diante de tudo aquilo , pensava Jarbas sobre Scolt, mais não deixava de ser engraçado um homem do século XIX ouvindo música pop dos anos 70 do século XX, mais o nosso marinheiro até que se virou bem ele deve ter sido treinado para viver ali, os livro estavam empoeirados e amarelados, sendo quase analfabeto ele tinha pouco o que fazer com eles,  mais as quinquilharias eletrônicas deve ter divertido ele bastante ele contou a Jarbas , que aprendeu a mexer naquelas maquinas estranhas, em seu próprio tempo a fotografia engatinhava e surgiam os primeiros fonógrafos de Edson e as primeiras experiencias com cinema devia ser espantoso se ver diante de tudo aquilo.
     Mais após sete anos na ilha Scolt já dominava tudo, assistia filmes, tirava fotos e chegou a filmar os arredores da ilha e a assistir suas próprias filmagens numa tela de projeção ouvia os discos muito embora a música fosse absurda para ele, as fotos coloridas dos artistas, o faziam morrer de rir, eram sons muito altos e as letras fariam qualquer cidadão respeitável do século XIX corar de vergonha, para Scolt aqueles homens e mulheres dos filmes e discos eram como que palhaços de circo, ele achava muita graça, mais também se escandalizava quando via homens vestidos de mulheres e maquiados requebrando, e  de salto alto como era comum nos artistas dos anos 70, já as mulheres seminuas nos filmes e fotos deixavam o pobre Scolt pasmo, que mundo louco era aquele que ele tinham de salvar? Mais fiel a seu compromisso ele continuaria incansável cumprindo sua tarefa.
     Passaram a noite toda acordados conversando sobre a vida na ilha, se tornaram até amigos, Scolt sentia falta de um bom rum, ou uísque, mais era proibido bebidas alcoólicas ali no entanto não faltava tabaco para o cachimbo ,depois ele levou Jarbas a o lugar mais importante da ilha a sala do trabalho como ele dizia, era ali que Jarbas trabalharia , era uma pequena saleta nela havia uma mesa e sobre ela um velho computador , dos anos 80, na tela a contagem, Scolt, explicou – nosso trabalho e cada 5 cinco hora, apertar eses botões numa certa sequência, feito isso está terminado e voltamos para nossa vida comum me disseram que se não fizermos isso o mundo acaba, todo mundo morre -  Jarbas ouviu aquilo perplexo  - então e isso o meu importante trabalho? apertar botões, só isso? – Jarbas se sentiu um pouco decepcionado ele esperava algo mais dramático, e desafiador, um homem com suas qualidades iria passar sabe-se lá quanto tempo apenas apertando botões, a cada cinco horas, a sequência estava gravada com números metálicos no teclado do computador 790908, ao fim de cada ciclo de 5 horas, Jarbas deveria digitar isso interrompendo um processo destrutivo ai a contagem recomeçava, do zero, os números iam se sucedendo começavam em 5.760, e ia diminuindo lentamente ia passando os números até que só restava 10 números ai um alarme soava e antes que zerasse o digitador deveria digitar a sequência código na tela do comutador , feito isso aparecia um aviso – processo interrompido o mundo está salvo obrigado – ai recomeçava a contagem pelas próximas 5 hora –
     No decorrer, da noite a cada cinco horas Scolt acordava despertado por um relógio de pulso sincronizado de acordo com os ciclos de tempo, no começo foi difícil ele conta, mais depois se acostumou, sua cama fica ao lado do computador para não haver o risco de ele perder a contagem, agora aquela seria a rotina de Jarbas, durante o dia ele dava passeios pela ilha mais sempre de olho no relógio.
      Aquela seria a última noite de Scolt, na ilha mais ainda era de sua responsabilidade digitar os números apenas na manhã seguinte quando Scolt fosse embora Jarbas assumiria seu posto de supremo digitador da ilha, guardião da ordem mundial, como Scolt gostava de dizer com uma dose de inocência e ironia ao mesmo tempo.
     Nos primeiros raios da manhã, Jarbas acordou ansioso para assumir seu posto, encontrou o jovem marinheiro com sua roupa do século XIX  já pronto para partir, ele digitou a sequência pela última vez, e disse – está feito, cumpri minha tarefa, agora e com você meu amigo adeus, espero que seja feliz e reencontre sua esposa, - eles caminhara para fora do bunker, encravado na montanha, foram até o cais, e aguardaram o transporte de Scolt, eis que surge em meio a uma bruma espessa um grande barco de madeira, era uma escuna novinha em folha velas estendidas, a bordo não havia ninguém, mais o barco se movia sozinho, Scolt olhava o barco como quem olha uma aparição divina, - meu Deus e exatamente como eu sonhei, lindo maravilhoso e é meu sou seu capitão  quando meu pessoal ver isso, agora ninguém nunca mais vai me chamar de Scolt o bêbado, aogra serei  Scot o capitão - todo mundo tem um sonho na vida o de Scolt era aquele enorme barco, de três mastros,  o feliz marinheiro subiu com uma cômica pose, de capitão, o estranho e que não havia ninguém, aborto como ele sozinho iria manobrar aquela coisa enorme de quase 30 metros de diâmetro,? mais antes de ir embora Scolt encontro um pacote, sobre uma mesa de madeira, estava escrito – entregue a Jarbas – ele prontamente, pegou o pacote e gritou do auto do convés  - ei senhor Jarbas eles mandaram algo para o você, vou jogar – Jarbas surpreso estendeu os braços e gritou - jogue, - o pacote foi atirado com destreza, Jarbas o apanhou dentro do pacote, havia uma caixa de madeira e dentro uma fita de vídeo k- 7,era uma mensagem a o novo senhor da ilha o grande digitador mor o salvador do mundo o imperador da solidão. Ao longe o barco foi se afastando, até sumir no horizonte, nunca mais Jarbas veria o jovem marinheiro do século XIX.
     Assim que voltou para o bucker Jarbas foi direto até a sala de trabalho, chegando lá abriu a caixa tirou a fita de vídeo K - 7 e colocou no aparelho, surgiu uma logomarca estranha na tela um símbolo que ele nunca tinham visto na vida, após isso aparece um homem sentado numa cadeira num fundo branco, o homem usava um tipo de turbante, vestia um paletó preto, tinham um olhar frio e distante era moreno tinham traços orientais, parecia ser de origem indiana , ele falou com uma voz grave e pausada, - saudações senhor Jarbas, seja bem-vindo a comunhão , estamos felizes que tenham aceitado a missão será uma honra , trabalhar com o senhor, sei que deve ter muitas dúvidas, mais espero que possamos esclarecer tudo com o tempo , agora que está na ilha podemos falar com mais liberdade sobre nossos propósitos, saiba que estando nesse lugar o senhor está a salvo de interferências do inimigo. – Jarbas ouvia atentamente tudo que o misterioso oriental falava e fazia anotações – senhor Jarbas eu e o senhor fazemos parte de uma engrenagem, de uma trama que se perde na aurora do tempo , um conflito, entre a ordem e o caos, algo que pode determinar o futuro de toda humanidade, o equilíbrio tem de ser mantido sob pena de aniquilação total de toda forma de vida sob a terra, nós somos a comunhão, os guardiões da ordem , o nosso inimigo o caos, deseja a desordem , quer o fim de tudo que conhecemos e amamos, o caos e impiedoso e selvagem, e se alimenta dos conflito e do medo, inerente a todo ser humano, - Jarbas escuta e anota tudo – mais esse caos tem nome eles se auto denominam “ o círculo” o infinito ciclo de ordem e desordem , vida e morte, mais das cinzas do nosso mundo renasce o um novo  mundo mais ele é caótico e imprevisível.

     O círculo  è  inimigo da ordem são amantes da bagunça cósmica , o senhor deve ajudar a manter a ordem para o bem de toda a humanidade, sua missão e evitar o processo de degradação energética, que ameaça esse mundo o computador e a chave, ele está ligado ao controle da degradação energética, e, se a degradação não for interrompida, haverá o desequilíbrio a força negativa ou anti matéria, supera a força positiva ou matéria pura, então elas se aniquilam e será o fim de tudo e o caos triunfará. Por isso criarmos esse lugar a salvo do caos, longe de sua influência, maléfica, está ilha existe num lugar entre duas realidades, num limbo de espaço tempo , não se surpreenda com o que vai presenciar na ilha, a noção de tempo ai não faz mais sentido, o jovem marinheiro do século XIX, que o senhor encontrou, estava vivo a 120 anos na ilha agora ele voltou a seu próprio tempo, em relação ao tempo do senhor ele está morto, mais pra ele o tempo ainda passa e ele vive, num outro curso num outro caminho temporal, por isso senhor Jarbas não se preocupe com o tempo ele e relativo, e nós a comunhão aprendemos a manipular o tempo, nós o dominamos, se cumprir sua missão , será recompensado ganhara uma linha de tempo nova em  que poderá realizar seus sonhos.- então a imagem apagou , Jarbas suspirava e com lagrimas nos olhos pensava ´- então e isso , sim é possível reencontrar minha esposa, se eu cumprir, mais será que eles vão cumprir a promessa,? Ou será que estou sendo enganado? Quem garante que na verdade eles são o caos? Que mundo é esse que eles dizem querer salvar será que é o meu? Ou o mundo deles? Será que eles dominam mesmo o tempo? Ou é tudo uma sofisticada ilusão para me fazer trabalhar para eles? Bem não tenho como saber, estou aqui e tudo o que sei, e vou cumprir minha missão, será que vou reencontrar Elsa, estaria ela viva em algum lugar no universo? Me esperando para termos uma segunda chance? - A perspectiva de quem sabe reencontra seu amor, deu a jarbas  a força deu um proposito cumprir a missão, a vida dele  estava vazia mais  agora ele tinham algo pelo que lutar, ele tinha esperança.
     Açoitando as pedras em sua eterna guerra com a terra , a coreografia aquosa das ondas que lembram uma dança selvagem encharcado o corpo do único habitante da ilha que sentado sobre as rochas nuas observa, o drama eterno da natureza seus pensamentos divagam, voam para longe de seu solitário exilio ,mais sempre de olho no relógio que traz no pulso, o senhor de sua vida mestre tirano de sua existência, a cada cinco horas ele tem de voltar para sua gaiola temporal, mais enquanto isso ele desfruta da paz e monotonia da ilha.

     Seu isolamento só era rompido pelas mensagens via rádio que pelo menos uma vez por semana chegavam até a ilha, uma vez no mês um barco chegava trazendo mantimentos e fitas k 7 de vídeo com mensagens para o Jarbas, os barcos surgiam vazios controlados a distância, havia uma espécie de regra ou tabu que impedia os membros da comunhão de ir a ilha, era necessário que o responsável pela missão ficasse isolado entregue a si mesmo.
     O que quebrava de fato a monotonia eram as aparições , as vezes aconteciam a noite as vezes durante o dia, surgiam do nada e sumiam, uma noite Jarbas , avistou um grande navio da era dos descobrimentos do século XVI, parecia ser espanhol, surgiu velas desfraldadas dava para ver os marinheiros no tombadilho, correndo gritando como se estivessem enfrentando uma tempestade, outras vezes surgiam aviões misteriosos, modelos antigos pareciam dos anos 30, outras vezes ele via dirigíveis e balões, era como se a ilha fosse  uma confluência nos caminhões do tempo, um lugar onde as linhas temporais se cruzavam. O mais misterioso era quando a aparição se dava em terra. Jarbas via coisas incríveis, certa vez ele viu na praia uma carruagem típica do velho oeste americano atravessando a praia , outras vezes viu um grupo de camponeses medievais pareciam estar fazendo uma colheita, ou em outa oportunidade ele avistou um imenso exército cruzando a praia, parecia, soldados das cruzadas traziam as cruzes pintadas de vermelho estavam aparentemente rumando para a terra santa, eram miragens , que evaporavam logo, flutuações quânticas no espaço tempo sub produto daquela anomalia temporal criada com um proposito bem definido pela comunhão manter o equilíbrio universal dos mundos e todas as linhas temporais. Jarbas assistia perplexo essas fantasmagorias as vezes ele se indagava se a própria ilha e tudo o mais não era a penas uma ilusão, e que ele na verdade era prisioneiro de uma mente perversa que brincava com sua vida que se comprazia com sua confusão mental, mais se fosse o que ele poderia fazer? Ele havia voluntariamente abrindo mão de sua vida em troca de uma esperança de achar sua esposa, mas valia a pena? Mesmo que ele achasse Elza, seria realmente ela? Afinal ela estava morta. Isso era um fato concreto. E que tipo de vida ele teria? Seria melhor que a antiga? A comunhão teria todo esse poder quase divino de dar uma nova chance de vida a alguém? Em troca de um favor? E porque eles mesmos não vinham resolver o problema se são tão poderosos porque precisavam de simples homens comuns? Muitas perguntas e duvidas, mais não havia mais volta Jarbas estava inserido no processo e iria até o fim.
     Já fazia cinco anos que Jarbas estava na ilha, quase todos os dias ele avistava aquelas coisas estranhas, a mais perturbadora aparição foi quando ele viu uma mulher correndo na praia assustada, e no céu aviões fantasmagóricos surgindo, ele ouvi nitidamente os sons de tiros, explosões mais o espantoso foi que ele reconheceu que a mulher tinham o rosto da sua falecida Esposa, Elza, ele costumava assistir essas fantasmagorias, de uma certa distância sem interagir, mais diante da surpreendente semelhança dessa vez ele foi até a praia, para ver melhor a mulher que corria assustada ele viu, pessoas fugindo em pânico viu marinheiros e soldados, atirando nos aviões e avistou claramente o símbolo do sol nascente pintado nas aeronaves que eram Zeros da Segunda Guerra Mundial, aquilo era o ataque japonês a Pearl Habort ele estava testemunhando a história, ele olhava aqueles fantasmas temporais vivenciando aquela tragédia ele viu a mulher sendo socorrida por um homem vestido como sargento da força aérea, ele chegou perto deles olhou atentamente o rosto da mulher, era igual a o rosto de sua falecida esposa, então tudo sumiu, e Jarbas se viu sozinho na praia, perdido em seus pensamentos. Foi aí que ele lembrou de algo que sua esposa havia contado, que a bisavó dela vivia no Havai, em 1941, e presenciou o ataque japonês, então ele viu a bisavó de Elsa que era muito semelhante à sua esposa, essa visão acabou reforçando ainda mais a determinação de Jarbas de continuar sua missão.
      A fita girando no gravador, tocavam uma velha canção de Frank Sinatra, “Strangers in the Night “a canção favorita de Elza, os olhos de Jarbas se enchiam de lagrimas ouvindo a melodia sentimental do velho Frank. “estranhos na noite se encontrando ....” seria possível, encontrar Elza na noite dos tempos? ter o prazer de sentir o calor de seu corpo, mais uma vez? De ouvir sua voz e seu riso, de beijar sua boca? Ou estaria tudo perdido em algum lugar no passado? Ou quem sabe ela estaria esperando por ele em algum lugar no universo.
     As ondas do mar lambiam  os pês de Jarbas, enquanto ele caminhava pela praia, uma suave brisa marinha soprava seus cabelos agora compridos, seu relógio de pulsa emite um sinal, era uma mensagem que chegava ainda faltava duas horas para o trabalho, mais Jarbas precisava ir receber a mensagem, no buker ele sintoniza o aparelho de rádio, então ouve- atenção senhor Jarbas a comunhão tem o prazer de informar que seu tempo na ilha vai terminar, estamos satisfeito com seu trabalho, amanhã o senhor poderá deixar a ilha em seu barco, para uma nova vida, ao lado de sua esposa, só pedimos que saia apenas quando o seu substituto chegar, ele vai chegar por volta do meio dia . desejamos que seja feliz em sua nova vida adeus – Jarbas mau podia acreditar no que ouvia, era o fim de sua missão, apesar da alegria, de poder ir embora ele sentia uma ponta de inquietação, o que seria essa nova vida? E ele iria ver Elza? Como isso se daria quando ele voltasse para o continente? Ou seria transportado magicamente para um outro mundo? Bem seja como for agora era só esperar dentro de algumas horas ele seria livre de sua prisão.
     Jarbas aguarda ansioso a chegada de seu substituto após cumprir pela última vez sua missão ele se dirige ao cais de madeira, ao longe ele avista um ponto escuro que vai ganhando forma era um hidroavião, era um velho Catalina PBY da década de 40, a aeronave pousa na agua e se dirige ao cais, nele havia apenas um único passageiro, a porta abre e um homem desse veste os trajes típicos dos aviadores dos anos 40 tira a máscara de couro, e cumprimenta Jarbas – olá meu amigo eu vim substitui-lo na nobre missão de salvar o mundo – tubo bem amigo espero que consiga o que deseja – certamente meu rapaz – pelo sotaque notei que era inglês, era baixo careca um pouco gordinho e tinham um bigodinho engraçado, apertou minha mão e caminho para o buker ele sabia exatamente o que precisava fazer ao contrário de mim ele chegou já previamente instruído sobre tudo, fiquei imaginando o que ele ia achar das quinquilharia eletrônicas e os pôsteres dos anos 70, mais , eu só queria era ir embora, logo após o homenzinho ir o velho hidroavião foi embora, sumindo no horizonte, entrei em meu barco e me mandei, naveguei com tranquilidade e a  medida que me afastava olhava a ilha quando estava a uns 5 quilômetros, de distância a ilha sumiu, desapareceu totalmente pensei – e a tecnologia fazendo seu trabalho.
     Naveguei por horas a fio, pelo mapa eu já me encontrava próximo da costa da Nicarágua, nuvens se formaram, do nada iria cair uma forte tempestade, mandei um sinal de alerta para a guarda costeira, de repente aquele dia ensolarado se transformou numa tempestade tropical incomum para aquela época do ano, não era a primeira vez que eu enfrentava tal situação mais era um problema, chuva e grandes ondas açoitavam meu barco era difícil controlar o veleiro, pensei – mais que droga depois de tudo que passei vou morrer afogado no mar, não e justo, maldita comunhão, me prometeu o céu e me coloca num inferno de água que droga, - foram meus últimos pensamentos, depois disso só lembro de uma onda atingir meu barco então fui arremessado no mar e tudo ficou escuro.
    Ao recobrar minha consciência, me vi em uma cama, olhei ao redor e reconheci era o meu quarto, estava em minha casa em Los Angeles, ao meu lado dormindo placidamente lá estava minha esposa Elza, nisso um turbilhão de imagens e lembranças invadem minha mente lembro do nosso casamento, da festa, das emoções e alegrias sentidas, lembro do baile, de nos dançando de Elza vestida tão linda, sorrindo, de nossos beijos, lembro de uma viagem em volta do mundo, lembro dela gravida esperando nosso filho, lembranças vividas eu no hospital nervoso, ela saindo com o bebe nos braços, - meu Deus eu sou pai, mais veio à mente também o sonho estranho eu estava numa ilha tinham uma missão, apertar uns botões ou mundo acabava, lembro de um marinheiro, de um senhor estranho , de uma tal comunhão, o sonho mais estranho e elaborado que eu já tinha tido na minha vida , sensações , estranhas, cheiro de mar, um vento gelado no rosto, mais isso foi muito rápido, me levantei vi o berço do meu filho, estava ali , parecia que eu já tinham feito aquilo tantas vezes, o bebe estava acordado e resmungando eu o pequei e fiquei brincando com ele, Elza acordou e disse – o amor ele já acordou fique com ele um pouco se ele não dormir eu preparo uma mamadeira – foi estranho ela falou tão casualmente, quando eu vi ela com a cara sonolenta, eu senti uma alegria estranha era como se eu estivesse vendo ela pela primeira vez em muitos anos, mais não , lembrei do dia anterior de nossa rotina diária, afinal estávamos casados a sete anos, pensamentos e sensações confusas, mais não dei maior importância, logo o pequeno dormiu o coloquei no berço voltei pra cama.
   Dois anos depois, Jarbas o famoso velejador campeão olímpico e sua esposa Elza, partem para a costa da Nicarágua, no seu barco el grande deixaram o filhinho de dois anos aos cuidados da família, agora Jarbas resolveu dar um passeio de lazer na costa da Nicarágua, ele não sabia porque mais uma vontade enorme de navegar pela costa daquele pequenos pais da América Central. Assim o el grande singrava os mares mais sempre vendo a costa da Nicarágua.

     Mais então o barco do casal se afastou da costa impulsionado por ventos anômalos, que surgiram de repente, Jarbas ficou preocupado, mesmo com sua perícia de navegador não conseguia controlar o barco – o que está acontecendo, o barco não me obedece, nós estamos sendo levados – mais querido como pode? Ligue o motor auxiliar – Jarbas ligou, mais era em vão mesmo com a máximo de potência o barco continuou se afastado da costa da Nicarágua, ele estava à deriva a mercê dos ventos, mais isso era impossível, um veleiro moderno e construído para controlar o fluxo do vento e navegar mesmo contra a direção do vento, mais nada funcionava o barco parecia que tinham vontade própria, Jarbas usa o rádio e manda uma mensagem de socorro, mais não tem resposta o rádio estava bloqueado, preocupado com a segurança de sua mulher ,ele não sabe o que fazer nada na sua experiencia de navegador o havia preparado para aquela situação insólita , então Elza avista uma ilha – querido veja uma ilha , acho que estamos indo pra lá – o navegador olha seus mapas e o GPS e percebe que aquela ilha não devia estar lá , - Elza e impossível, esta ilha não consta nos mapas, não deveria existir, - mais ela está ai querido não temos escolha vamos desembarcar nela – ou naufragar – não isso não – dizia a assustada  mulher temendo deixar seu filhinho órfã – calma amor eu vou dar um jeito eu não vou deixar que nada de mau acontece com você – foi nesse instante que Jarbas reconhece a ilha, os rochedos, as escarpas, os arrecifes aquilo tudo era familiar ele já tinham visto aquela ilha, ele já tinham estado naquele lugar , mais como podia ser isso? No seu íntimo ele sabia que existia um praia segura onde eles podiam atracar, ele manobrou o barco agora ele voltou a ter o controle sobre a embarcação, ele navegava ao redor da pequena ilha, ele pensa - eu já estive aqui, e só não lembro quando – mais ele não tem tempo de lembranças, ele dirige o barco para a praia avista o cais, de madeira um poste e uma cabana, e existe alguém acenando pra ele, e um homem ele balança os braços, sinaliza para o barco de Jarbas, à medida que se aproxima eles reconhecem o homem, para espanto e perplexidade do casal o homem no cais era o próprio Jarbas, -querido aquele homem e igual a você? Você tem um irmão gêmeo? – não Elza você sabe eu sou filho único – então quem é ele? -logo nos vamos saber – diz o velejador assustado com a situação bizarra – quando o barco atraca o homem olha para o casal com um jeito alegre Jarbas grita do barco – ei quem é você? – o homem ri e responde – eu sou a comunhão ......


FIM

ideraldoluis
Enviado por ideraldoluis em 27/10/2017
Alterado em 05/01/2022


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